22 de fevereiro de 2012

- Mãe, onde estão os fósforos?

- Vai colocar fogo na casa?
- Na casa não.
- Onde então?
- Em palavras que já não significam mais nada.
Rasguei todas as cartas que tinha recebido dele, peguei um baleiro de vidro que estava sendo inutilizado e joguei-as juntos com um palito de fósforo dentro do recipiente de vidro.
Vi as chamas logo se acenderem, tão vibrantes e vivas.
Ainda joguei mais dois fósforos para transformar tudo em cinzas. Assisti a cada segundo sem quase nem piscar para ver cada palavra transformando-se em fumaça e sendo jogadas ao vento. Só que dessa vez, literalmente.
Cansada de ver apenas pequenas partes laranjas corroer os papeis, decidi jogar água e acabar com tudo.
Joguei tudo no lixo. O que eu fiz com as cinzas, ele fez com os meus sentimentos.
Esse foi o primeiro passo para eu esquecer que ele já fez parte de mim algum dia.
Vai ser tudo como se nunca tivesse acontecido. Não falarei mais com ele ou sobre ele, mesmo que me perguntem. Nunca mais postarei nada em relação a ele nem mesmo escreverei. Vou esquecer tudo o que restou, o que realmente restou, não o que ele ou as outras pessoas pensam ter restado.
Já queimei as cartas, apaguei as mensagens do meu celular, dei o perfume que ganhei dele no meu aniversário, tirei nosso retrato da minha parede e todos os seus presentes do meu quarto, mandei para reciclagem o CD que ele gravou para mim e apaguei as nossas fotos da minha câmera. O que sobra dele em mim? As lembranças ...

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